Por Miguel Angelo Vedana
A fila do Selo Social
Que o selo Combustível Social tem vários
problemas, todos sabemos. Um deles é a falta
de certeza que se tem sobre o efetivo cumprimento
dos percentuais mínimos de cada região.
Isso porque até hoje nenhuma usina que
participa de leilões perdeu o selo, apesar de
muitas não estarem atingindo as metas. Mas
essa falta de conseqüência para as unidades
produtoras está prestes a acabar.
A Brasil Ecodiesel tem quatro usinas em fase
final de um processo administrativo para a
perda do selo. O MDA fez o possível para que
essas usinas perdessem o selo antes do 16º
leilão de biodiesel da ANP, mas a Ecodiesel
entrou com um recurso que adiou a decisão.
Se levarmos em conta o ânimo do MDA, a
empresa pode considerar perdido o selo. Se
considerarmos o histórico de luta da Ecodiesel,
a decisão vai demorar para sair.
Quem fica feliz com esse imbróglio são as
outras usinas que estão na fila para perder
o selo. Segundo as regras, é preciso que os
processos sejam concluídos na ordem em que
foram iniciados. Por mais que esteja certa,
a perda do selo de uma usina que teve o
processo administrativo iniciado mais tarde,
só será publicada depois que sair a decisão do
processo da Brasil Ecodiesel. Segundo alguns
rumores, a usina da Granol em Cachoeira do
Sul (RS) seria uma das que estariam na fila.
Petrobras às compras
Alguns ficaram surpresos e outros nem tanto, mas a parceria
entre a BSBios e a Petrobras Biocombustível mexeu com todo
o setor. Os primeiros comentários sobre as duas empresas
começaram a circular no início de 2008, mas amornaram
desde então. O que pouco se falou é que a Petrobras negociou
(ou ainda negocia) com outra empresa. E não, não é a Brasil
Ecodiesel.
A Petrobras estava interessada em uma parceria com a Bionasa,
que está finalizando a construção de uma usina de 264
milhões de litros por ano em Porangatu (GO). As negociações
estiveram bem ativas na metade de 2009, mas por algum
motivo as conversas esfriaram. O presidente da PBio garantiu
que não há nenhuma nova parceria no setor de biodiesel para
ser anunciada este ano, o que pode significar que a negociação
desandou ou que ainda vai demorar para ser concluída.
A Bionasa está atrasada no seu cronograma de funcionamento
em cerca de um ano, já que esperava operar no primeiro
semestre de 2009.
BSbios e a Agrenco
A parceria entre a Petrobras Biocombustível (PBio) e a BSbios
envolve a usina comprada da Agrenco em abril de 2009. Na
época se especulou muito sobre qual foi o valor pago pela
BSBios. O valor de avaliação da usina estava em cerca de 23
milhões de reais, mas era evidente que ela valia mais. Escrevi
um artigo dizendo que o valor da compra estava entre 45 e 50
milhões de reais. Errei, a compra foi feita por 37 milhões de
reais e agora a PBio comprou a metade desta usina da BSbios
por R$55 milhões
Cargill entra no setor de biodiesel
Os envolvidos com o setor de biodiesel estão sempre atentos
aos sinais das grandes esmagadoras de soja. O motivo é obvio:
elas são fortes concorrentes em qualquer mercado que tenha
a soja como principal matéria-prima. Por isso, tem gente muito
feliz com o fato de a Cargill e a Bunge não participarem diretamente
da produção deste biocombustível.
Entretanto, a felicidade já não é mais plena. A Cargill fez sua
estréia no 16º leilão através da Innovatti, que, apesar do nome,
pertence à empresa Cargill. É claro que pelo tamanho da Cargill
esperava-se uma usina bem maior e um início muito mais
glamoroso do que o feito com uma usina com capacidade
para produzir 12 milhões de litros por ano. Mas isso não anima
a concorrência. O pregão e as entregas servirão para a empresa
aprimorar o know-how no negócio. Se achar interessante, uma
grande usina virá na seqüência.
E o nome Innovatti deve mudar em breve. A intenção da
empresa é que no 17º leilão, ou no máximo no 18º, já esteja
atuando com o nome Cargill.
Vamos esperar a Bunge agora.